top of page
Foto do escritorLéa Fávero | Psicóloga EMDR

CÉREBRO PODRE: Nova Epidemia Mental Pelo Consumo Viciante de Conteúdos de Vídeos Fúteis, Bizarros e Desconstrutivos


Nos últimos anos, o termo "Brain Rot" (traduzido como “Cérebro Podre”) ganhou notoriedade, simbolizando um fenômeno preocupante: os efeitos do consumo exagerado de conteúdos rasos e fúteis. Ele foi eleito a palavra do ano de 2024 pelo dicionário de Oxford, refletindo uma crescente inquietação sobre como o uso desenfreado de redes sociais está moldando negativamente nossa cognição e interações sociais. Essa escolha não é apenas um alerta, mas um chamado para repensarmos o impacto que essa prática tem, principalmente nas gerações mais jovens.


A Superficialidade e Seus Efeitos Cognitivos


Com a explosão de vídeos curtos, memes e conteúdos voltados para o entretenimento rápido, estamos testemunhando uma mudança significativa na forma como processamos informações. A busca por estímulos imediatos condiciona nosso cérebro a evitar esforços mentais mais complexos. Essa prática resulta em uma diminuição da atenção, tornando mais difícil absorver conteúdos mais profundos ou resolver problemas de forma eficaz.

Além disso, crianças e adolescentes têm experimentado uma redução na capacidade de retenção de informações. A memorização, essencial para o desenvolvimento do raciocínio lógico e da criatividade, é frequentemente deixada de lado, já que a tecnologia disponibiliza respostas imediatas para qualquer dúvida. Esse cenário nos leva a perguntar: estamos realmente aprendendo, ou apenas acumulando dados de maneira superficial e temporária?


Saúde Mental: Uma Consequência Silenciosa


O impacto vai além da cognição. O consumo descontrolado de conteúdos nas redes sociais também está associado ao aumento de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e estresse. A constante exposição a padrões irreais de vida e a busca por validação digital intensificam a sensação de inadequação, especialmente entre jovens. Para crianças em idade escolar, isso pode gerar não apenas problemas emocionais, mas também uma dificuldade em construir conexões saudáveis e autênticas.


Um fenômeno alarmante é o aumento da agressividade online, evidenciado em cancelamentos e linchamentos digitais. Sem tempo ou espaço para reflexão, muitas interações nas redes sociais acabam sendo impulsivas e prejudiciais, afetando não apenas quem é alvo, mas também quem consome esse tipo de conteúdo.


Uma Questão de Equilíbrio


Embora a tecnologia tenha transformado a maneira como nos comunicamos e acessamos informações, é evidente que há um preço a pagar. Escolas em diversas partes do mundo já reconhecem isso, proibindo o uso de dispositivos digitais em salas de aula para proteger a saúde mental e melhorar o aprendizado dos alunos. Contudo, essa não é uma solução única ou definitiva.


O desafio é encontrar um equilíbrio saudável. Precisamos nos conscientizar de que a tecnologia é uma ferramenta, não um substituto para a vida real. Quando passamos mais tempo olhando para telas do que interagindo com o mundo ao nosso redor, privamos nosso cérebro de estímulos essenciais para seu desenvolvimento, como a leitura, a prática de atividades físicas e as interações presenciais.


Redescobrindo Caminhos para um Desenvolvimento Saudável


Que tal reavaliar como usamos nosso tempo? Experimente trocar parte do consumo de redes sociais por atividades que estimulem o cérebro e fortaleçam os vínculos emocionais. Dedicar tempo à leitura, por exemplo, amplia nossa imaginação e capacidade de reflexão, proporcionando não apenas conhecimento, mas também prazer.


Além disso, práticas como passeios ao ar livre, jogos de tabuleiro ou simples momentos de conversa em família são fundamentais para construir relações mais sólidas e significativas. O foco deve estar em atividades que desafiem nossa mente e nos conectem uns aos outros de maneira genuína.


Um Convite à Reflexão


O termo Brain Rot nos alerta para a necessidade de uma mudança de perspectiva: da superficialidade para a profundidade, do consumo passivo para a participação ativa, da desconexão para a reconexão. Não se trata de demonizar a tecnologia, mas de compreender seus limites e aprender a utilizá-la de forma consciente.


Ao refletirmos sobre os impactos do consumo exagerado de conteúdos superficiais, podemos criar um futuro onde a tecnologia complemente, e não substitua, nossas capacidades humanas. Mais do que um desafio, essa é uma oportunidade de resgatarmos o que nos torna verdadeiramente humanos: a habilidade de pensar, sentir e nos conectar com o mundo ao nosso redor.


Léa Fávero, Psicóloga Terapêuta EMDR.

04/12/2024


5 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page